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Je suis toujours dans les segments qui forme le cadre ou le contour du cercle, ni à l'extérieur, ni à l'intérieur. Je passe de l'un à l'autre et j'apprend,  j'écoute, j'observe, je ressens, je découvre.

 

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Nous naissons, pour ainsi dire, provisoirement quelque part, c'est peu à peu que nous composons en nous le lieu de notre origine, pour y renaître chaque jour plus définitivement."Rainer Maria Rilk

« Je crois en la poésie comme unique langage possible, si Dieu existe, c'est par elle que nous pourrons Lui parler. Les métaphores seraient le résidu de quelque chose qui nous échappe»Al Berto

"Si tu place ton propre corps dans ce que Rimbaud appelle les "corps sans prix, hors de toute race, de tout monde, de tout sexe,  de toute descendance !" Si tu as cette audace pleine de risques, alors tu detruis dans ta personne

la loi mortifère qui régis l'espèce.Que ce pas de côté n'aille nullement de soi, tu t'en doutes : C'est la grande affaire de ce qu'on nomme parfois "art", ou "mystique", ou "sainteté " -- ou plus justement encore : "poésie" François Meyronnis :  l'Axe du neant

Telle est ma quête,

Suivre l'étoile

Peu m'importent mes chances

Peu m'importe le temps

Ou ma désespérance

Et puis lutter toujours

Sans questions ni repos

Se damner

Pour l'or d'un mot d'amour

Jacques Brel

 

 

Haavia Uma palavra No Escuro Miniscula. Ignorada Martelava no escuro Martelava No chao da agua Do fundo do tempo martelava.  Contra o muro Uma palavra No escuro Que me chamava

 Il y avait un mot dans l'obscurité. Minuscule. Ignoré. Il martelait dans l'obsucurité. Il martelait dans le socle de l'eau. Du fond du temps. Il martelait. Contre le mur. Un mot. Dans l'obscurité. Qui m'appelle

 Eugenio De Andrade

 

 La bonne musique ne se trompe pas et va droit au fond de l' âme chercher le chagrin qui nous dévore. Stendhal

 

  L'homme qui n'a pas de musique en lui et qui n'est pas ému par le

concert des sons harmonieux est propre aux trahisons, aux stratagèmes et aux rapines. Les mouvements de son âme sont mornes comme la nuit et ses affections noires comme l'Erèbe. Défiez vous d'un tel homme ! Ecoutez la musique

W.Shakespeare

 

Music's your only friend

Until the end

Until the end

 Nous nous couchons dans la musique afin de nous dévoiler

 Jim Morrisson

 

Musique souvent me prend comme l'amour

Léo Ferré

 Quand  je vois le public qui avale les notes avec les yaux et les oreilles, tout à coup il y  un calme qui se met en moi

 Stephan Eicher

 

Mão na Musica

A música é tamanha, cabe em qualquer medida...
Na sua mão sobe o ar ao infinito, de lá treme.
A música por um lado vê-se, por outro não se vê.
Nada da música se improvisa por acaso.
A música corre nas gargantas e pode ser tocada com um só dedo.

A música mostra-se feia para os seus pares e bela para os seus ímpares.
A música emudece por vezes os cantores e deixa-os a sós nos camarins à esper...a do amigo do carrasco.
A música não é a mesma quando ouvida de longe ou quando ouvida de perto.

A música não tem explicações a dar a si mesma. Isso explica tudo.
A música dá asas a quem voa, a quem tem asas para voar.

A música faz aos poemas aquilo que os poemas quiseram fazer dela: render-se. E aos outros propõem; rendam-se. Tréguas e batalhas sem ordem de aviso.

A musica referenda a liberdade? Sim ou não?
A música depende de um botão da liberdade e desunha-se a mostrar os efeitos de num dedo a voz humana.
A musica faz orelha moucas.
A música não se esquece no silêncio, por isso nos lembramos dela. Permanece em mais que um som.
A música vai por vezes mais alto e de uma torre afunda o eco no centro da terra.
A música aguenta-se de pé, dorme sentada, dança e escorrega na cama.
A música pausa e pausa, faz das malas a viagem mas se acena, já de longe, a música atira os seus poemas ao mar e recebe-os nas ondas do dia seguinte, nas garrafas outro povo.
A música perdeu muitos bons poemas no vento contrário, quem sabe era bons.
A música é uma cópia de uma cópia, cara aberta vai ao fundo e vem à tona por respiração.

A música é uma revolução de estilos, é do passarinho herdeira orfã.
A música é orfã.
Quando nasceu os seus pais tinham morrido há pouco.
É orfã.

A música esfrega os dedos em tudo o que der som.
A música nunca teve em si mesma uma moral, pensa que não pensa e que não perdura.
Diz-se que faz muito bem ouvi-la alguém que pense e que perdure por ela.

A música não tem barreiras mas o amor por ela, sim.
A música prepara-se, destroçada, mas vaidosa para confessar tudo ao cair do sol.
A música chora e ri ao mesmo tempo, uma criança por razões não exactamente compreensíveis.

A música quer ser perfeita, sempre que por escolha é imperfeita. Por talento dá-se a todas a bondade, a presunção, ressentimento e mais não fosse a quatro tempos.
A música de repente é a mesma nota repetida e outras vezes. A música mede-se com caneta e gravador. É maior e é menor.
A música quando se encontra já lá está.
A música nasceu antes de nós termos nascido com ela.
A música segue a sua sombra e pela sombra é fácil, não há espelho. Ou é ritmo ou é pausa. Ambos dúbios mas reconhecíveis.

A música é feita à janela e aberta vê-se da rua.
A música eriça-se ao menor vento, arranha-se a si mesma, ladra ao ar, risca a terra. Gosta mesmo.
A música quando a chuva cai com barulho de entre as nuvens vê-se o mar em dia de acalmia o que não é explicável nem por norma nem por excepção dos deuses. Digamos que são os sons em dia de ofertório.
A música vai de rio e desagua.
Aquece a água doce, rebenta no mar salgado, larga os seus bichos no mar.
A música tem duas mãos, é tocada com um só peito, um só dedo. Da música sobe o ar ao infinito. A música tem um só dedo e um só dedo.
A música tem um só dedo e um só dedo.

Nada da música se improvisa por acaso.

 (Sérgio Godinho)